26 de Setembro de 2008
Ontem fui como de custume à biblioteca para aceder à net e poder blogar.
Acabei por não ter tempo para colocar post nenhum. a ligação estava mais mole que mel em dia frio, e com tanto comentário para ler e responder não consegui fazer muito mais.
Já percebi que tenho leitores assíduos. Sinto-me contente com isso. Estes “amigos virtuais” conhecem mais sobre mim que muitos dos meus amigos pessoais. Eu e o H. frequentemente falamos sobre eles, e o que vão colocando nos seus respectivos blogs.
Muitas são as vezes que por telefone falamos e perguntamos se a “andreiazinha” o “anaconda”, o “luar amigo” e tantos outros comentaram alguma coisa nos post que colocamos.
Sempre que apareçe um comentário por aqui fico com um sorriso rasgado.
Sempre fui alguem que gostou de comunicar, e afinal este é mais um dos meios de comunicação possiveis e receber um feed-back do que por aqui deixo é para mim muito bom.
Contudo um dos comentários, deixado por um(a) anónimo(a), referia-se à frontalidade e a maneira clara e descritiva com que escrevo alguns assuntos, nomeadamente sexo, e também a alguns erro e gralhas que tenho por todo o blog.
Lembrei-me de imediato da permissa com que abri o meu blog:
“Criei este diário, porque já é altura de tentar deixar uma pegada minha no mundo.
Este será sobre “as coisas vulgares que há na vida”. Na minha vida!
É um diário para maiores de 18 anos.
Para todos aqueles que tem alguma curiosidade sobre o que é a vida e os pensamentos de um homem gay e não tem coragem, ou ninguem a quem perguntar.
Não tenho grandes pretenções literárias, aliás os erros ortográficos, de sintaxe e de pontuação serão constantes, portanto nem vale a pena me foderem a cabeça com isso.
Todos os comentários serão bem-vindos, sejam a dizer bem ou mal, e de gays ou hetros.”
Inicialmente o que agora público neste blog surgiu do diário que começei a escrever numa fase complicada da minha vida, em que apenas o pc tinha por companhia e nele começei a desabafar. Pode ser difícil de compreender mas ajudou-me a manter a sanidade mental e evitou que fize-se um grande erro (talvez o erro final) na minha vida.
Algumas semanas depois de iniciar a escrita, e após pensar muito sobre as consequencias que poderiam resultar de expôr-me intimamente na net, resolvi publicar estas entradas de diário num bolg. Sinceramente o intuito não foi chocar ninguem com a minha linguagem, antes a tentativa de reach-out e sentir que mais alguem nota que estou aqui.
O anonimato que a internet proporciona, ainda que viva numa cidade relativamente pequena e que quem viva nela e leia este blog com alguma facilidade me identifica, ajudou-me a dizer coisas que a mais ninguem diria (na altura o H. ainda não estava na minha vida). Relembro por exemplo a minha primeira vez com um homem, que aqui assumi sem nunca antes o ter dito a ninguem.
Com o passar do tempo e com o número de visitas a aumentar e com alguns poucos comentários que foram surgindo, e porque a minha vida felizmente deu uma volta e começou a entrar nos eixos, perguntei-me se valeria a pena continuar a manter o blog. A resposta não demorou. Claro que valia. Ainda que não tivesse acesso em casa à net, e tinha que contar com o escasso acesso público gratuito que há nesta cidade, continuaria a fazê-lo porque escrever tornára-se um hábito que muito prezo.
Espero que se de alguma forma ajudar, ou esclarecer alguem sobre o que pensa ou faz um gay, já é muito bom.
Pelos comentários percebo que uma grande parte dos leitores são mulheres e também muitos homens hetro. Ainda assim, espero que possa ajudar outros a verem a homossexualidade de outra forma.
Uma das razões pela qual descrevo de forma clara o que faço a nível sexual com outros homens, prende-se com algumas conversas que assisti ou participei com amigos hetros que não sabem de mim. A curiosidade ou falta de informação (e de imaginação) sobre de que forma é que se dois homens se podem amar e dar prazer.
Aos gays gostaria que as experiencias que aqui deixo, sobre a forma que me assumi, da reacção que obtive desse gesto, das minhas aventuras e sobretudo do meu amor e relação com o H., os facam sentir que não estão sozinhos, e especilamente aqueles que ainda não se assumiram que vejam que ser gay, é ser igual a muitos, e que ter uma relação estável e intensa com outro homem, embora por vezes complicada pelas regras sociais, é possível.
Este post deve-se em grande parte ao comentário que um anónimo deixou aqui no blog. Fez-me pensar. Entenda-se que de forma alguma isto é um pedido de desculpa por algo que tenha escrito. Nada disso. Não tiro uma virgula ao que aqui escrevo. Serve apenas para relembrar o que escrevi logo no principio, e por estar mesmo no final do blog poder haver pessoas que não o tenham lido.
Gostaria de facto de poder escrever melhor, sem erros e com toda a correcção gramatical que a lingua portuguesa mereçe, mas não vou parar de escrever desta forma. Todos os dias um pouco melhor espero, mas ainda sem a perfeição.
Em relação a linguagem mais forte e descritiva, eu escrevo para mim. Para daqui a uns anos quando ler, poder regressar a cada um daqueles dias e ao ler poder recordar com o maximo de promenores possiveis todas as coisas que fiz.
Sem falsas modéstia espero que a minhas aventuras ou a falta delas, o que vou vivendo neste meu quotidiano e a minha escrita continuem a manter interessado quem já visita este blog e que prenda a curiosidade a mais alguns que por aqui passem.
R.