O meu nome é Ray,e sou gay. Este será um blog sobre “as coisas vulgares que há na vida”. Na minha vida! É um blog para maiores de 18 anos. Para todos aqueles que tem alguma curiosidade sobre a vida e pensamento gay.
O que me dizes?
Por: Ray, em 28.09.07 às 16:36link do post | adicionar aos favoritos

27 De Setembro de 2007

 

Não foi um ultimato, mas para bom entendedor, meia palavra basta.

A minha cunhada conta que eu saia daqui ate dia 1 do mês que vem.

Assim, hoje à tarde andei á procura de quartos, numa busca um pouco ingrata; ou só querem meninas, ou senhoras, ou estudantes e professores, ou são todos muito longe para quem não tem carro. Ainda assim consegui marcar duas visitas, uma para hoje e outra para amanha, e ainda me falta falar com alguns números que não me atenderam. Vamos lá ver o que isto dá.

            A verdade é que já me sinto persona non grata aqui em casa. Ontem depois de sair do bar ainda fui dar uma volta bem longa pela cidade, para fazer tempo para vir para casa o mais tarde possível.

Detesto-me sentir assim. Sinto-me a mais juntos daqueles de quem gosto. Sei que também gostam de mim, e esta situação também está a ser complicada para eles. É um esforço e um incómodo acolherem-me aqui. E fico-lhes grato por isso. Nunca pensei foi ter que sair daqui tão depressa, mas assim é a vida! Fez hoje uma semana que comecei a dormir aqui, ainda os músculos não recuperaram, e já tenho que me preparar para outra. Felizmente acho que tenho dinheiro suficiente para pagar renda e sinal.

Ainda que tenha que ir viver para um quarto, acho que será o melhor para mim. Consigo recuperar alguma privacidade, especialmente se for um apartamento partilhado apenas por rapazes. E já decidi que em prol de poder levar quem me apetecer, e fazer o que me vai na gana, me assumirei logo de inicio. Sim sou gay, lidem com isso!

Vou estar em pé de igualdade com quem lá estiver. Não terei que me preocupar com as horas a que chego, se puxo o autoclismo, se ligo o pc, nem com as horas a que me deito ou me levanto, se almoço ou se só janto. Certo que o meu mundo se resumirá a um quarto, mas que se foda, porta fechada e será só meu!

E mais vale esta pequenez que o vazio em que estou neste momento, que me faz andar em pontas dos pés, as escuras pela casa para não incomodar ninguém, evitando zonas comuns, porque sei que estão a falar de coisas que só a eles dizem respeito. Ter medo que uma noite ter insónias e me apeteça levantar para ver tv, ler ou até esgalhar uma. Ser um refugiado num campo de acolhimento em que nada é realmente meu, e em sítio nenhum me sinto um pouco em casa nem à vontade, e que todas as minhas tralhas não pertencem realmente aqui e só estão a tirar espaço a quem tem pouco para oferecer.

Acho também que a experiência de ter vivido dois anos em NY em situação semelhante, e com ainda com menos privacidade, estará a meu favor para resumir a minha vida a um quarto, e áreas comuns num apartamento.

Ainda vou agradecer a minha cunhada por esta atitude dela. Está a fazer tirar-me da minha zona de conforto e a acabar com esta inércia instalada na minha vida.

Toda aquela energia positiva que tenho vindo a sentir, estou a orientá-la para este propósito. Ainda que me sinta pressionado e um pouco magoado, estou calmo e com vontade de sair daqui o mais depressa possível.

R.

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Por: Ray, em 28.09.07 às 16:33link do post | adicionar aos favoritos

26 De Setembro de 2007

 

Ontem foi o aniversário do bar.

Apanhei uma tosga daquelas! Felizmente hoje nem tou de ressaca, claro que ir ao gregório pouco antes das 5 da manha ajudou!

Mas foi uma grande festa. Diverti-me imenso, também não fui lá para outra coisa. Embora tivesse de folga, assim que lá me apanharam, fui “convidado” a passar música. Esperei um pouco até o bar ficar mais animado e cheio, bebericando a minha míni, e falado aqui e ali com o pessoal amigo. Com a casa a começar a rebentar pelas costuras, (nunca tal tinha visto a uma terça-feira), peguei nos cds e vai disto que é uma festa!

Há muito tempo que um set não me animava tanto. Apostei essencialmente em música que todos conhecem, e sabem cantar. Aquelas que fazem levantar o sobrolho e levam a pensar se é mesmo aquilo que estão a ouvir, e a dizer: - há séculos que não ouvia isto.

Assim, as Doce, Carlos Paião, Rui Veloso, Dina, Da Vinci, Mamonas, e companhia lda, puseram o bar ao rubro. Nunca tinha visto tanta gente a cantar, e a dançar ao som destes velhinhos êxitos. Fui intercalando isto com os clássicos do Rock, que afinal de tudo são a marca da casa, e em dia de aniversário não podiam faltar! Durante cerca de uma hora e meia, entre uma enxurrada de mínis e shots que magicamente apareciam ao pé de mim, de dançar e cantar atrás e em frente do balcão com as colegas e clientes da casa, consegui por muita gente a rir, cantar, dançar, e a divertir-se com musicas que não estavam a espera de ouvir quando entraram no bar.

No final do cantar dos parabéns e do corte do bolo, lá deixei um belo cd de colectânea de música do final dos 80 a tocar, e voltei para a conversa com o pessoal.

A contar pelos, sorrisos, apertos de mãos, e vozes afónicas do pessoal que passava por mim ao sair, gostaram e divertiram-se tanto como eu. Nada como um gay para animar uma festa!

Estava mesmo a precisar de uma noite assim! Depois do balde de água de ontem, a noite fez-me muito bem! O álcool foi em demasia, mas com tanta gente a querer pagar uma mini, ficava mal não aceitar! Já o ano passado ainda como cliente tinha havido dose igual, se bem que este ano me diverti bem mais.

Em tom de sarcasmo diziam alguns que ainda eram para ir ao concerto dos Police, mas não queriam faltar ao aniversário dos 14 anos do bar do costume.

Ando num carrossel de emoções, ora muito eufórico ora triste com tudo. Mas esta capacidade de colocar uma máscara alegre e não deixar transparecer o que me vai na alma surpreende-me! A minha tristeza só eu a conheço bem. Apenas quando estou só é que a deixo mostrar-se. Apenas neste registo electrónico é que dou conhecimento dela. Quem lida comigo não sabe da sua existência!

Quando estou em sociedade, tenho sempre uma piada pronta, uma anedota para contar, um sorriso nos lábios e uma atitude de campeão. Por dentro muitas vezes sinto-me oco e frágil. Mas serei sempre o palhaço de serviço pronto para animar até o mais sisudo dos homens.

R.

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Por: Ray, em 25.09.07 às 16:22link do post | adicionar aos favoritos

25 De Setembro de 2007 – Um balde de água fria!

 

            Era de esperar já não ter dores, mas enganei-me. Embora já não me sinta tão durido, o alto que apareceu no sovaco continua grande e a doer-me como tudo. Não consigo nem levantar nem fechar o braço. Tou a andar por aí como se fosse um porteiro de discoteca. De braços meio abertos sem tocar no torso. Só não tenho o caparro para acompanhar a pose.

            Fiquei um pouco surpreendido pela atitude da minha cunhada hoje. Já me está a perguntar se já encontrei algum quarto. Porra! Ainda não recuperei de mudar para aqui, nem tenho ainda dinheiro para pagar os dois meses de renda. Mas de certa maneira já estava a espera. Afinal, também lhes tou a tirar alguma privacidade, e a fazer alterar as rotinas que já tem!

Mas afinal de contas também eles me o fizeram durante mais de 5 meses e eu aceitei-os de braços abertos! Primeiro o meu irmão, sem lhe perguntar porque ou quanto tempo, e depois ela. Nem nunca lhes pedi ajuda para pagar a água ou a luz, cujas contas aumentaram exponencialmente.

Fiquei magoado. Sei que a culpa desta situação é quase toda minha, mas neste momento o que preciso é alguém que me aceite, apoie e não me julge, pois eu vou dar a volta por cima! Sei que sou capaz!

O L. afinal não pode vir jantar comigo. Tem aulas de condução.

R.


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Por: Ray, em 25.09.07 às 16:19link do post | adicionar aos favoritos

24 De Setembro de 2007

 

            Tou todo moído!

Tanta energia que sentia deu nisto. Ontem exagerei na forca que fiz a transportar os móveis, e hoje tou em dores. Dos pulsos, passando pelos braços, costas e zona lombar, parece que andei a rebolar pelas escadas do Sameiro de novo.

Mas já tá! Tudo no sítio. Trouxe tão poucas coisas que me sobraram gavetas e espaço na estante. Acho que exagerei no que deitei para o lixo. Até o meu irmão ficou impressionado com tão pouca tralha.

As noites no bar também têm sido infernais. De onde é que vem tanta gente? Nem para fumar o meu cigarrito tenho tempo antes das 2 da matina.

Embora ainda ande cheio de energia esta carcaça que eu chamo corpo, não aguenta com um gato pelo rabo. Não consigo fazer mais nada.

.           O L. já está na cidade, começou hoje a faculdade, sempre tá mais perto de mim. Acho que o vou convidar para jantar comigo amanha. Chinês parece-me bem!

            R.


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Por: Ray, em 25.09.07 às 16:16link do post | adicionar aos favoritos

22 De Setembro de 2007

 

Ontem começou o Outono. Só me apercebi disto já a noite ia avançada no bar.

O tempo e o dia hoje estão mesmo como eu gosto. Não sei se um quentinho se antes um friozinho bom. Cheguei agora do café tomado na pastelaria do N. (que continua o jogo do flirt), seguido de um passeio curto pelas ruelas da cidade. Soube-me mesmo bem, e refiro-me a ambas as coisas!

Este, a par de maio custuma ser uns dos meus meses favoritos do ano. Não sei se pelo tempo, pela luz, ou se este mês tem personalidade própria. É altura em que muita coisa muda, acaba a silly season, começa a escola, a cidade sai do coma instalado nos meses de calor, e até a natureza se prepara e transforma, preparando o inverno que se aproxima.

Hoje sinto-me animado e revitalizado. Sinto-me cheio de vontade para enfrentar tudo o que venha. Por algum motivo as pequenas coisas hoje dão-me um prazer imenso.

Um duxe longo bem quente, o cheiro da minha toalha acabadinha de apanhar do estendal ainda quentinha do sol, a languidez com que me barbei, o toque do algodão dos boxers e o conforto que me trazem, o baruho dos meus passos na calçada, o cheiro do jornal junto com o do café, o sol a bater-me na moleirinha................... Tou mesmo lamecha hoje.

            Será pelo meu novo amor? Pela página em branco que se abriu na minha vida?

Uma coisa é certa, sinto-me com coragem para ir à luta, para enfrentar meus demónios, e dar a volta para cima.

            Faz hoje um mês que comecei a escrever. No final de revêr tudo isto, até respiro fundo ao pensar em tudo o que me aconteceu neste espaço de tempo. Em boa altura o comecei a fazer, tem evitado que entre em parafuso. Ao passar para o “papel” o que me vai na alma, consigo organizar os pensamentos e limpar a minha cabeça. Tornou-se uma espécie de terapia, uma rotina que muito prezo e anseio, quase um vício. Já vão mais de 14 000 palavras.

R.

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Por: Ray, em 21.09.07 às 17:38link do post | adicionar aos favoritos

21 De Setembro de 2007

 

Já está! Ontem já dormi em casa do meu mano.

Hoje tou todo dorido, nunca fui atropelado por um camião mas duvido que seja muito diferente. Doem-me partes do corpo que nem sabia que tinha!

Ainda não arrumei quase nada, estou sentado no chão com o pc num equilíbrio que desafia a gravidade, mas tinha que escrever. Ontem já na cama não me sentia bem só de pensar que não dado nenhuma entrada de um dia que foi marcante por vários motivos.

Um dos eventos que me marcou, foi a visita do L. Na noite anterior tinha-lhe desabafado que me ia mudar e que ate precisa de ajuda. Ele tinha que vir até a cidade, e não é que veio mais cedo para me dar uma mãozinha? O que eu tinha pensado era aproveitar esta mão-de-obra extra para me ajudar a transportar a tv e o pc. Mas só a tv é veio enquanto ele cá esteve.

Logo que chegamos a casa, ainda estava a fechar a porta e já os meus lábios com os dele se encontravam. Quando paramos este primeiro beijo de namoro, ainda falamos um pouco, não me recordo bem de que, a minha mente e olhos estavam apenas fixados naquele rapaz, que me ama, e eu começo também a amar.

Saltei para o colo dele, e logo nos beijamos. De ali para o colchão, foi apenas o tempo de a roupa saltar do nosso corpo. Depois de tanto beijo, amasses, esfreganços e lambidelas perguntei-lhe se o podia penetrar: - com cuidado e devagarinho - foi a resposta.

Por norma não gosto de tirar os 3 a ninguém! Não tenho pachorra para o “Põe, Põe, tira, tira, e volta a pôr enquanto eu me decido se dói ou não”, mas neste caso foi diferente. Completamente diferente! Era com alguém que me amava, e eu a ele.

Não era que eu precisasse, mas o L. deu-me uma prova de amor ao consentir que o possuísse. Fui o mais cuidadoso possível. Lambuzei-o de lubrificante, e fui penetrando o mais devagar que conseguia, parando a cada suspiro e ai que ele sussurrava. Não queria em absoluto magoa-lo nem traumatiza-lo com aquela primeira vez. Tirei-o sempre que ele pedia, voltando a insistir na penetração alguns momentos depois, até que ao fim de umas quantas vezes lho enfiei todo, e lá começamos nós naquele vai vem que tanto prazer dá!

Claro que não aguentou muito tempo, aliás até fiquei surpreso com o tempo que resistiu com o meu pau entalado, mas não fiquei de modo algum frustrado, pelo contrário, fiquei feliz pelo amor que me deu. Acabamos a sessão, comigo a presentea-lo com a minha boca, e a receber dele uma recompensa avultada!

No final de uma sessão destas, transportar caixotes era a última coisa que me aptecia, mas tinha que ser. Lá fomos os dois com a tv nos braços, e no final de um belo beijo de despedida quase como no cinema, ele foi fazer o que o trazia a cidade!

Eu continuei na lufa-lufa do transporte dos caixotes e afins. Ora para casa do meu irmão ora para o lixo.

Uma outra coisa me fez feliz. Aproveitei a espécie de feira de saúde e bem-estar, e com um contacto breve com uma instituição de apoio social que estava ali a montar o stand, doei a minha colecção dos “cinco”, “sete” e afins. Ia-me quebrar o coração ter que os deitar fora. Espero que faça algum tão feliz como eu fui ao lê-los. Aproveitei ainda para dar uns cobertores que tinha a mais.

O lixo de um Homem, é o tesouro de outro!

Ficou para hoje o transporte dos móveis que ainda ficaram em casa.

Ainda não sei como me vou arranjar e organizar as minhas coisas aqui em casa, mas fui muito bem recebido.

Próximos passos, encontrar mais um emprego e arranjar pelo menos um quarto para recuperar a minha privacidade e rotinas, e deixar o meu irmão e cunhada gozar o casamento deles!

Uma coisa é certa, mudei-me de casa e começou bem: Assumir um novo amor!

Estou apaixonado.

Amo-te L.!

R.

 


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Por: Ray, em 21.09.07 às 17:35link do post | adicionar aos favoritos

19 De Setembro de 2007

 

A cidade está com um tom de luz fantástico. O sol, as (poucas) nuvens, o céu e as cores das paredes estão conjugados na perfeição.

Não é fácil de descrever, mas iluminou-me e encheu-me a alma, depois do negrume que ontem a envolveu.

Nesta altura de arrumações e triagem de memórias, tive que deitar cartas foras. Foi duro, deitar recordações de amigos para o lixo. Cada papel daqueles envolveu, por quem as escreveu, amor, carinho e saudade por mim, e só as deitei fora mesmo por pura necessidade, mas sinto-me mal por não ser conseguir de alguma forma honrar os sentimentos de quem me quer bem, e teve tempo para me escrever. Há algo de extraordinário numa carta, algo que ultrapassa o simples papel, são sentimentos vividos e emoções reais!

 Lá se foram missivas de conteúdo diverso, que provavam que se comunicava e se convivia antes dos sms existirem, e da altura que o e-mail ainda era uma daquelas coisas que se liam nas revistas das tecnologias por vir, e os blogues nem no horizonte da minha imaginação se avistavam.

Hoje tenho o round 2 nesta luta de sentimentos, vou ter que me desfazer de pelo menos de dois terços da papel|memórias que arrasto comigo desde os primeiros dias que vivi em NY. Sei que é papelada que só a mim me dizem algo, mais significam e relembram-me de situações e sítios em que tive e o que lá fiz! São os papéis de 2 anos de alegria, tristezas, conhecimento, crescimento, descobrimento, angustias, saudades e liberdade. Memórias que espero não perderem sentido nem significado na minha tola cabeça. Por outro lado, fazem também parte daquela altura da minha vida, em que me tentei enganar e convencer-me a mim próprio que não era gay. Foi usando uma “máscara” que estas memórias foram compostas.

Só não me sinto pior porque afinal de contas também não vou ter prole a quem tenha que deixar legado histórico!

Outra coisa que me entristece muito, são os livros que tive que deixar para trás. Entre eles a colecção (completa) dos “sete”. Foi com eles que ganhei o gosto pela leitura, e vivi as primeiras aventuras imaginadas juntamente com aquele grupo fantástico. Ainda pensei em doa-los para a biblioteca, mas alguns deles estão demasiado degradados.

Sinto-me a deixar para trás a minha meninice. Mas assim são estes dias de mudanças.

Ainda não sei de este desprendimento forçado das coisas que formaram a minha personalidade, do deitar fora grande parte do meu passado, saber que daqui em diante só na minha memória é continuaram a existir, se me vai deitar ainda mais a baixo. A morte da Lara, agora isto, só me desanima. Talvez esteja na altura de aprender a desprender-me das coisas materiais! Mas tinha que ser logo com as coisas mais difíceis de largar? Coisas que estão intimamente ligadas à minha memória e ao meu próprio ser.

Como é que é possível numa altura de tanta tecnologia, e de formatos digitais dos quais sou adepto incondicional, eu me comova tanto com papéis?

Simples papéis, mas estampados e encharcados de memórias de sítios, pessoas, de choro e de riso, emoções puras e duras. Pessoas e situações que dificilmente vou voltar a ver e sentir.

Nisto de viver do passado e da saudade sou português ate ao âmago. Embora espere pelo que o futuro me traz, o passado está sempre aqui ao meu lado. Não o consigo largar tão facilmente como gostava!

R.

 

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Por: Ray, em 18.09.07 às 17:15link do post | adicionar aos favoritos

17 De Setembro de 2007 – “Todos diferentes, todos iguais”

 

Mais uns quantos sacos de tretas para o lixo. Estes nem custaram muito. Eram essencialmente coisas de mamãe, que havia trazido do antigo apartamento, como não eram bem parte da minha memória, foi na boa. Apenas as trouxe porque sempre me lembro de as ver lá por casa, e achei que iam ficar bem na minha casa.

Quantas coisas, acções e atitudes trazemos conosco apenas porque ficam bem na vida de outros?

Não me refiro bem a regras de etiqueta, nem dos protocolos de viver em sociedade, mas a maneria de pensar, agir, comer, dançar, onde o fazer, vestir.....

Os exemplos são imensos.

Por vezes ando na rua e reparo como grupos de pitas ou rapazes estão vestidos de igual, e até se movem e agem de forma semelhente. E logo a seguir fico com uma sensação de deja vu, quando passa por mim outro grupo em tudo semelhante!

Que é feito da individualidade e da personalidade?

É certo que todos temos a necessidade de pertencer ou nos sentir parte de um grupo de amigos, onde podemos encontrar apoio, comprenção e companhia, mas daí a sermos clones acho que vai uma grande diferença.

Não troco a diferença que encontro no meu grupo de amigos por nada. Todos com personalidade própria bem vincada, e algumas vezes de opinões contrárias as minhas, mas sempre com a abertura suficiente quanto mais não seja para concordarmos que discordamos e arracarmos com outro tema de conversa.

Esta geração “morangos com açúcar” faz-me confusão.

Vestidos da mesma maneira que as personagens da tv, com uma linguangem muito pobre, quase nem se sabem expressar, e dominados por uma única personalidade, a do líder do grupo. Todos iguais, quais ovelhas sem vontades, falam, vestem, dançam, ouvem a mesma musica, bebem e comem, gostam ou desgostam daquilo que o líder impõe, ou vem na novela, com medo de serem tratados como tresmanhados e expulsos daquela sociedade de regras tirânicas. Ou és igual ou ponho-te fora!

Pelas conversas que tenho com alguns, e pelo que os professores amigos que tenho me dizem, não sabem interpretar um texto, nem se expressar. Como é que esta gente vai assumir o meu futuro?

Quando andava no secundário, saiu uma campanha publicitária, cujo slogan era:

“Todos diferentes, todos iguais”

Se bem que era uma campanha contra o racismo e homofobia, sempre o encarei também como um modo de vida. Ainda guardo o pin que me deram na altura.

 A diferença tem de ser encarada como igualdade de direitos, nunca me importei em me dar com pessoas diferentes de mim, e assumia a minha diferença. Atitude reforçada pela minha estadia em NY.

Acho que se esta campanha fosse lançada pela geração “morangos”. Seria algo género: “todos indeferentes, todos iguais”!

R.


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Por: Ray, em 18.09.07 às 17:13link do post | adicionar aos favoritos

16 De Setembro de 2007

 

Cheguei agora do bar e tou de rastos, foi sempre a bombar e o M. só chegou já passava da 1. Fartei-me de dar ao chinelo!

Mas trouxe para casa o cd do festival da canção. Há muito tempo que andava desertinho para lhe pôr as mãos em cima! Ando numa de revivalismo. Afinal a boa musica é intemporal. Tou a deliciar-me com o Tordo, Simone, Paião, Paulo, Dulce, e companhia.

Amanha tenho que acordar cedo para começar a embalar as minhas merdas, e ainda não falei com o meu irmão.

Sou sempre o mesmo, deixo tudo para a última hora.

R.


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Por: Ray, em 18.09.07 às 17:12link do post | adicionar aos favoritos

15 De Setembro de 2007 – As tralhas da vida.

 

Para virar a minha vida de pernas para o ar, andei a fazer uma limpeza geral a tudo o que foi armários, gavetas, e recantos do apartamento.

Por vezes doeu-me o coração em mandar determinadas coisas para o lixo, mas tinha que ser. Em menos de 24 horas enchi 4 sacos de lixo dos grandes com tralhas que fazem parte da minha vivência, e de algum modo faziam parte do meu ser. Mas não podia levar tantas coisas comigo. De certeza que vou sentir faltas de muitos destes cacaréus, papeis e afins.

Acho que por ter tido a coragem nessessária para me livrar destas recordações, cresci. Ao deixar partes do meu passado para trás estou pronto para encarar um novo futuro.

Até que ponto me consigo desprender do passado?

Algumas coisas não hesitei em deitar fora, com uma ou outra até me perguntei porque raio guardei aquilo. Deveriam ter feito sentido apenas na altura em que as coloquei na gaveta, outras que já tinha a algum tempo, na esperança de virem a ser precisas, nunca o foram e por isso se tornaram dispensáveis.

Houve alturas durante este processo que não consegui evitar de me emocionar. Umas vezes a rir, outras quase a chorar. É impressionante quanto um objecto inanimado nos consegue tocar. Fiz umas quantas viagens ao passado. Acabei por ir recuparar algumas ao saco do lixo. Não estou ainda pronto para me desligar de tudo.

A mermobília faz parte da minha maneira de ser, e há coisas das quais não abro mão! Serão elas que contaram a minha história, quero partilha-las com alguém especial quando e se alguma vez chegar, ou servirão de recordo quando eu não estiver mais cá.

O mais provável e que daqui a um ano já tenho mais uns quantos sacos de coisas não essenciais para o meu dia-a-dia, mas imprescindíveis para contar a história de quem sou. Até que o dia virá em que de novo me vou confrontar com mais um virar de página e de novo a limpeza ao meu passado!

Como canta a Marisa num dos mais belos fados que tem:

“ As coisas vulgares que há na vida, não deixam saudades,

Só a lembranças que doem ou fazem sorrir”

A dificuldade para mim é distinguir entre as coisas vulgares, e as lembranças que tenho que manter. E foi este processo de separação que me fez crescer e aperceber um pouco mais quem sou e o que faço, e do que tenho para mostrar daquilo que já fiz com a minha vida.

R.

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