1 de Outubro de 2008
Acordei triste e macambúzio. Há dias assim. Mas esta semana tem sido quase todos os dias. Nada se tem passado nada, e ando com pouco ânimo. Ainda assim resolvi ir à cidade, para colocar on-line o unico post que tinha escrito esta semana.
No final de blogar, o meu nino disse-me que já vinha a caminho. Fomos lanchar juntos e depois para casa para namorar. Embora não tivesse a certeza se estávamos ou não sozinhos em casa, a vontade e saudades eram mais que muitas, e tivemos que nos entregar de forma carnal um ao outro. Já não nos víamos desde sábado.
Quando foi embora, afinal apercebi-me que estávamos sozinhos. Os putos tinham ido para as praxes. Hoje era dia do travesti, e de facto quando andei na cidade vi montes deles vestidos de gajas, e pareceu-me que alguns até estavam a gostar e demasiado à vontade a fazer de gaja.... mas enfim.
Pouco tempo depois de o meu nino ir para casa, a senhoria entrou em casa. Trazia as contas de água, luz e gás.
No final de acertar-mos as contas e quando já ela já estava de saída entraram os putos. Ainda ficamos um pouco à conversa, para tentar perceber e negociar a melhor maneira de por net lá em casa.
Finda a conversa, e como não tinha grande vontade de falar nem conviver com ninguem, pensei em ir para o quarto, e ficar lá fechado o resto da noite. Nisto o D. diz-me que hoje iam ter companhia para o jantar. 3 Veteranos da comissão de praxes tinham-lhes cravado o jantar, e que como ontem havia eu feito o jantar para eles, hoje era a vez deles de fazer o jantar para mim.
Ainda tentei escapar, mas não consegui. Tanto insistiram que lá acedi, mas sempre a pensar que a única coisa que eles já cozinharam sozinhos foi arroz queimado com atum. Quando lhes perguntei que estava a pensar cozinhar, a cara que fizeram deu-me uma vontade de rir que até tive que morder a lingua para não me desmanchar. Claramente ainda não haviam pensado nisso, e estavam na esperança que eu os safasse.
Respirei fundo e perguntei o que tinham para fazer no congelador. O D. deu um salto e meteu-se a esgravatar nas gavetas da arca. “Frango”, gritou ele com alegria. A mãe dele enquanto cá esteve havia deixado um frango cortado no congelador. Perguntei-lhes que queriam fazer com o frango. Silêncio foi a resposta que obtive!
Lá tinha que ser eu a dizer algo. Lembrei-me que a coisa mais prática, económica para fazer em cima da hora com frango é mesmo “frango com cerveja”. Enquanto eu descongelava o frango, pedi-lhes que fossem comprar uma cerveja e uma sopa de cebola. Ainda ficaram a olhar para mim, a pensar que estava a brincar com eles. Mandei-os sair depressa que o mini-mercado fechava em 5 minutos.
Já com o que foram comprar em casa, e depois de procurar tachos suficientemente grandes para cozinhar para 6, meti mãos a obra. Ainda que já soubesse a resposta, ainda perguntei o que pensavam fazer para acompanhar o frango. O olhar vazio deles não tardou. “Arroz de ervilhas?” perguntei eu. “ya! Isso!”
Meti um a descascar e a picar alhos e o outro a ver se era preciso dar uma limpeza ao frango. Assim que meti a panela para o arroz ao lume, a campainha tocou. Entraram 2 gajas e um gajo. Uma delas também era da Madeira.
Enquanto cozinhava ficamos todos à conversa. De vez enquando lá saia a boca, que afinal não eram os caloiros a cozinhar, e para não os deixar mal, lá dizia que eu só estava a supervisionar, e que eles estavam a aprender. Mas na verdade, a única coisa que fizeram foi picar alhos. Os mais velhos até diziam que quem lhes dera ter tido algum para os ajudar quando começaram a viver sozinhos. Mas enfim, gosto de ser prestável. E este jantar era uma maneira dos putos fazerem amigos, e serem um pouco poupados nas praxes.
Os veteranos até eram porreiros. Boa conversa e montes de conselhos para putos. Acho que valeu a pena. Mesmo que mais de metade do tempo me chamassem por Senhor. Devo mesmo estar a ficar velho.
Findo o jantar, fui para o quarto. Eles foram todos para o quarto de um deles, tocar guitarras e ver uns dvds. Passado umas horas foram para a night. E lá fiquei eu de novo sozinho.
R.