3 de Janeiro de 2009
Como o tempo estava de chuva o meu nino não teve que abrir o tasco dele.
Logo depois de almoçar veio ter comigo. Nem sequer quis vir ter comigo ao apartamento, disse-me para me despachar e que nos encontrariamos no café do custume.
Depois de chegar e tomar café, seguimos para o Forum Montijo. Ando a precisar de comprar uma roupinha, e queria aproveitar os saldos. Queria ir ver se encontrava algo de jeito na Zara e assim, e ainda aproveitava-mos para ver se havia uma aliança igual a que o H. perdeu.
Pelo caminho, ainda tentei dar-lhe um beijo, que seria o primeiro do dia, mas ele não quis aceitar e fugiu com a cara.
Quando chegamos ao Montijo apanhamos montes de transito. Parece que toda a margem sul resolveu ir aquele espaço. Ainda assim tivemos sorte, estava um carro a sair e conseguimos um lugar mesmo a porta.
Logo que entramos, fomos ao wc, e regalamos os olhos numa grande pila de um gajo que estava ao nosso lado nos urinois.
Quando finalmente chegamos a ourivesaria, e começamos a ver as alianças, tivemos azar. As que havia do mesmo modelo eram todas ou muito grandes, ou muito pequenas. Tivemos que optar por outro modelo. E assim hoje temos alianças novas. Estas sao mais finas que a outra, e na minha opinião muito mais “aliança classica” mas gosto mesmo muito. Resta saber quanto tempo o H. a irá usar antes de a perder.
Já com a nova anilha no dedo, e com os pés a caminho das lojas de trapos, reparamos que por ali andavam 2 ou 3 casas gays também.
E aqui começou a minha frustração. Não encontrei nada que gostasse.
Na Zara era tudo feio, na Springfield a roupa só me fazia lembrar os morangos com açucar, na H&M ou era tudo muito “beto” ou nada tinha a ver com o meu estilo.
O H. bem que tentou, dar-me dicas, revolvia as preteleiras todas à procura, mas tudo o que me mostrava eu não gostava. Sei que o deixei um pouco frustrado, mas não mais do que eu estava. Até me doia a cabeça com a revolta que sentia por não ser capaz de encontrar algo que gostasse para comprar.
Acabei por trazer apenas um polo da Quebramar. Não por ter gostado assim tanto dele, mas apenas para não deixar o meu nino tão triste.
Jantamos por lá rápidamente e voltamos para casa. Tinha que ir trabalhar dali a uma hora e pouco e decidimos vir pela auto-estrada.
Já na ponte Vasco da Gama, tentei dar-lhe de novo um beijo, e obtive a mesma reacção. Não o quis. Também não insisti mais.
Quando passamos na area de serviço de Aveiras, tivemos que parar. Quando fomos mijar, vimos de novo uma pila enorme. O gajo ficou a uma boa distancia do urinol, abriu as calças todas, e sacou do bacamarte para fora na boa, e ali ficou distraido. Acho que nem reparou as vezes que eu e o H. olhamos para aquele monumento.
Quando já estavamos a entrar para o carro, o meu nino teve uma dor de barriga e teve que correr para a sanita. Coitadinho.
Enquanto estava ele a cagar, fiquei a pensar nos acontecimentos do dia. A frustração de não ter conseguido comprar roupa nenhuma, e a tristeza de sentir que o meu nino me anda a evitar, encheu o meu coração de tristeza.
Já a caminho de casa, no escuro da A1 ainda chorei sem o meu nino notar.
Apesar de pelo caminho ter-mos falado nisso, ele diz que não, que é da minha cabeça. Mas sei que não é. Algo se passa e eu não sei o que é!
Quando estacionou para me deixar sair, então sim e em jeito de despedida demos o primeiro e único beijo do dia.
Não acho normal. E é completamente diferente do que era à uns meses. Todo o dia juntos, e nem um carinho, e apenas um beijo. A caminho do bar, pelas ruas desertas chorei de novo.
Fiquei de tal maneira triste que até o J. reparou e me perguntou que tinha, que até a musica que estava a passar era triste e surombática! A custo lá mudei de tom, e tentei animar-me, mas de facto não passava de uma mascara que coloquei.
Algo se passa, algo mudou e não entendo.
R.