17 de Setembro de 2008
Tanto que anconteceu em menos de 24h.
Hoje para o que é normal até acordei cedo. Levantei-me e quando ia para o banho, vi que o gajo que ontem havia vindo ver o quarto ao final da tarde já se estava a mudar. Porreiro, pensei eu. Assim pelo menos não viram gajas para cá. Tomei banho, sai do wc enrolado na toalha e enquanto colocava as lentes de contacto no outro wc, deixei a porta aberta e apercebi-me pelo espelho que ele espreitou. Mas não liguei muito mais.
Vesti-me e fui tomar café. Quando voltei ainda ele andava de volta das arrumações do quarto e de porta aberta.
Enfiei-me no meu, para ver o encerramento dos jogos para-olimpicos, que achei uma real seca.
Já no final da cerimonia o tipo bateu-me à porta, levantei-me e abri-lhe a porta de boxers. Precisava de direcções para a Rádio Popular. Disse-lhe o que precisava de saber, mas o tipo continou à conversa. Não parecia minimamente incomodado com o facto de eu estar apenas de boxers.
Com a conversa apercebi-me do sotaque. O gajo é da Madeira.
Foda-se pensei eu, ao aperceber-me logo que eu só iria ter a casa para mim de novo nas férias.
No final de falarmos mais uns momentos, ele saiu. Tinha que se despachar porque ainda iria voltar hoje para a Madeira, e só voltaria no final do mês.
Voltei para a minha caminha e para o jogo de paciencia que deixara a meio, e mal peguei no pc, a campainha tocou e a senhoria entrou para mostrar o quarto a mais alguem.
Desta vez fiquei sossegado no meu canto a tentar ouvir a conversa.
Depois de muitas negociações e muitos blá blás, ora na cozinha, ora no quarto, finalmente chegaram a acordo. Durante todo este tempo consegui ver pelo buraco da fechadura o senhoria, um puto novo e uma outra senhora que percebi ser a mãe do puto.
Assim que a senhoria saiu, perparei-me para sair também. Mas apercebi-me que eles haviam ficado, e que estava à espera de alguem que lhes ía trazer as malas. Ouvi a porta a bater de novo, e aproveitei e sai também.
Ao chegar á porta do prédio, vi o puto, e junto a ele a N. minha ex-colega e ainda boa amiga do tempos em que trabalhei numa outra empresa. Se a N. conhecia esta gente, então deviam ser boa gente também assim pensei eu, e como ela é de Tomar, o puto também deveria ser de lá perto.
Comprimentei-a e segui para o café. Estava a precisar de arejar as ideias.
Quando voltei, e assim que abri a porta levei logo com eles de frente. Não tinha escapatória. Lá os comprimentei, e apresentei-me. Assim que começaram a falar, o sotaque que tinham acabou com qualquer esperança de ter a casa para mim frequentemente. São da Madeira também! Estou mesmo fodido, pensei eu!
Ficamos a conversa um bom bocado. Ambos muito simpáticos.
Voltei ao meu quarto e à troca de sms com o meu nino para lhe contar todas as novidades, e em especial o facto de serem dois putos (os dois com 18 anos), e ambos serem de tão longe e o que isso iria significar na nossa relação visto os putos só irem a casa nas férias grandes.
De repente batem-me a porta. Era o puto. Precisava de saber onde podia ir tirar fotos tipo passe, e onde ficava um banco. Porra! Pensei eu. tenho cara de gps?
Ao ver que ía ser para lá de complicado explicar-lhe como lá chegar, e visto o meu nino não poder vir cá hoje, ofereci-me para ir com eles até à cidade. Vi neles uma grata alegria.
Aproveitei a caminhada a pé até a cidade para conversar e para saber mais sobre eles.
É a primeira vez que o puto vem ao continente, e a primeira vez que vai ficar sem longe da familia sem ser em férias. A mãe está com o coração apertado porque o filho mais velho também havia vindo para o continente estudar e as coisas correram muito mal.
Levei-os ao fotográfo, mostrei-lhes onde era o banco para amanha irem tratar do que precisam, lanchamos e fomos as compras no pingo doce.
Gostei do passeio. Acho que essencialmente gostei da companhia. Ao contrário do que é habitual não estive sozinho e senti-me util. Senti-me mesmo bem. Gosto de ajudar.
Encomendamos pizza e jantamos juntos e conversamos muito.
O puto é fixe e a mãe também.
Noto nele a exitação de começar a aventura de estar longe de tudo o que lhe é familiar, e nela o aperto de coração que as mães sentem por deixarem os filhos sozinhos.
A senhora já me pediu para ter mão nele e ajuda-lo se vier a precisar.
Claro que se puder ajudo. Quem me dera ter tido alguem para me ajudar quando também começei a viver sozinho. Sei bem o que é.
Hoje senti-me feliz.
R.